O Nosso Tempo Digital, iniciativa dedicada à digitalização e preservação do acervo do extinto jornal Nosso Tempo, tornou-se o embrião deste importante espaço de memória em Foz do Iguaçu, o Museu da Imprensa. No ano de 2011, parte desse grupo de jornalistas digitalizou o material, pesquisou e fez uma grande curadoria digital do semanário jornal Nosso Tempo, que está disponível gratuitamente para consulta no endereço virtual https://www.nossotempodigital.com.br
O objetivo de disponibilizar, no ano de 2011, todo o acervo do jornal Nosso Tempo já era colaborar com o debate, democratizar o conhecimento e oferecer uma fonte ampliada de pesquisa, com edições raras e documentos fundamentais para compreender períodos históricos de nossa cidade.
Naquela época, a equipe se debruçou sobre milhares de páginas e, além de disponibilizar na íntegra todas as edições do período, organizou-as de forma didática, com uma curadoria cuidadosa e seções com temas históricos que pautaram o jornal.
Durante a curadoria dos conteúdos, foram criadas seções específicas de reportagens, entrevistas e imagens, divididas por grandes temas, como: Retratos, Manifestos, Construções, Ditadura, Indígenas, Desigualdade, Eventos, Segurança, Educação e Meio Ambiente.
Com muito zelo, a equipe viajou no tempo e mostrou o Brasil que enfrentava a ditadura militar. O ano era 1980. A população reivindicava o fim do governo opressor, que durou quase duas décadas, o fim da censura e a volta das liberdades civis, em especial as eleições diretas para todos os cargos eletivos.
À época, o general João Figueiredo era presidente do país. Ney Braga governava o Paraná, e Clóvis Cunha Viana comandava a Prefeitura de Foz do Iguaçu. Nenhum deles havia chegado ao posto por meio do voto direto do povo. A população clamava por Diretas Já!
Nesse contexto, nasceu o jornal Nosso Tempo. A primeira edição do semanário circulou em 3 de dezembro de 1980, com uma capa histórica denunciando a tortura em órgãos de segurança da cidade, como a Polícia Federal e a Polícia Civil.
O editorial da sua edição de estreia revelava a linha de atuação: “Nossa liberdade nos dará condições de falar de tudo e de todos, promover o que é válido e combater o que nos pareça condenável. Não faremos do jornal um imenso frio noticiário desalmado…” Foi assim ao longo dos anos 1980.
Durante grande parte da década, Nosso Tempo foi o único jornal da emblemática cidade no contexto nacional. Cabia ao semanário registrar a história de Foz do Iguaçu e também de municípios do extremo-oeste do Paraná. Os governos, as manifestações populares, as transformações da sociedade, o dia a dia da região etc.
De 3 de dezembro de 1980 a 22 de dezembro de 1989 foram publicadas 387 edições — que hoje estão arquivadas em dez volumes guardados na Biblioteca Pública Municipal. Seu acesso, entretanto, é restrito, e o material tem se deteriorado com o tempo, correndo o risco de desaparecer com o passar dos anos — como ocorreu com as edições de 1990 a 1994.
A partir desse trabalho de resgate histórico do semanário, que teve o combate à ditadura militar como uma de suas principais bandeiras, a equipe seguiu realizando palestras e encontros em escolas e universidades.
Mais recentemente, o projeto reuniu novos profissionais da imprensa, professores e familiares dos proprietários de veículos extintos, que também se juntaram a esse esforço para manter viva a memória da imprensa da cidade, com o empréstimo de mais exemplares e novos olhares para a digitalização, culminando na consolidação da primeira etapa do Museu da Imprensa.
Um acervo vivo, democrático, com diferentes olhares da nossa história!
